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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Minha Cidade

Amigos leirores,
Hoje publicamos mais um lindo texto de um barramansense muito ilustre, enviado pela nossa querida colaboradora Ariane Porter, que mesmo longe de nossa querida Barra Mansa vem mostrando que o amor por nossa cidade está muito acima da distância física.

Ariane, muito obrigado pelas grandes contribuições!
 
Por Ariane Porter



Alguns dias atrás abri nosso querido blog e li o comentário do nosso amigo " Alexssandro F. Moreira" dizendo que normalmente as pessoas que mais reclamam, são as que menos contribuem para a mudança de uma situação...

Concordo com isso plenamente e não tenho muita paciência com pessoas assim. A vida é muito curta para se perder tempo só reclamando.

Eu prefiro ter Fe em mudanças e tentar achar uma maneira realista e positiva em consegui-las. 

Hoje, estou trazendo para vocês um texto de outro amigo da nossa cidade. Ele se chama  Sr Joaquim Mariano do Lago Leal, morador de BM ha muitos anos e presidente do Grêmio Barramansense de Letras (GREBAL). Ele escreveu essa crônica em 1975, por coincidência, o ano em que o Grebal foi fundado. Aqui ele fala na importância que a cultura tem em nossas vidas...
Fala também na importância de se sonhar e ter otimismo em ver os sonhos se tornarem realidade.
Fala em sua Fe em BM e em Barramansenses.
Eu também tenho essa Fe e otimismo... E gostaria de poder lembrar a todos esse nobre sentimento.
Acredito que "a grama do vizinho, não é mais verde do que a minha".
Acredito no progresso e evolução da minha cidade.

Ariane Faria Porter


 

MINHA CIDADE (Joaquim Mariano do Lago Leal)


Madrugada fria. A cerração abraçava o Parque Centenário, enlaçava toda a cidade com seus brancos tentáculos de neblina. A insônia queimava o cérebro de Zé Maria. Ele não conseguira dormir e vagava, divagando.

O Parque é um pedaço da floresta que cobria toda a região, ha quase 200 anos passados. A cidade é Barra Mansa, no Estado do Rio. O sono não vinha, trazia para Zé Maria fantasmas do passado, que emergiam do inconsciente. Como os restos de um naufrágio, que de vez em quando sobem do seu mundo submerso. E vinham a tona farrapos de sonetos, escritos ha muitos anos, naquele mesmo Parque; fragmentos de vivencia perdidas nas águas do tempo; restos de Saudade. Saudade da cidadezinha poética de outrora, que o progresso transformara na pujante Barra Mansa. Na princesa do Vale do Paraíba. Princesa que reina, com os poderosos cetros do seu Comercio e da sua Indústria, sobre toda uma região socioeconômica.

A nostalgia tomou conta do espírito do nosso herói. O casarão da Câmara, ao fundo, emergia da neblina, casando-se as arvore. Ele próprio, arvore frondosa, plantada em 1861. O casarão parecia olhar para Zé Maria, com as dezenas de olhos que são suas janelas. E falar de tudo que já presenciara, de todos que já abrigaram suas centenárias paredes.

  -Que bom, pensou Zé Maria, se pudéssemos conversar com os prédios
  antigos, como aquele da Câmara. Ou conversar com uma destas arvores,
  velhas de séculos, que tanta coisa presenciaram... O antigo prédio e
  as velhas arvores falariam então dos que chegaram para conquistar,
  para desbravar, para construir. Dos que dirigiram os destinos desta
  terra através dos tempos. De suas lutas, suas realizações, de seus
  sonhos. Por vezes não realizados, porque imensos são os obstáculos -
  mas sonhados. Dos que erigiram o edifício material de suas riquezas.
  De sua Pecuária, de sua produção leiteira, de sua Avicultura. Dos que
  fundaram suas Indústrias, desvirginando o ar das matas com o fumo
  colorido de suas chaminés. Indústrias que levam o nome de Barra Mansa
  e do Brasil aos quatro rincões do globo.

E nomes viriam do antigo prédio e das velhas arvores. Daquele, porque os abrigou; destas, porque os viram passar, ou quedaram-se aos seus pés, sonhando seus sonhos de grandeza e progresso. E se lembrariam do Barão de Aiuruoca, fundador do então Arraial de São Sebastião de Barra Mansa.
De Domingos Mariano, Joaquim Leite, Ponce de Leon, Andrade Figueira. De Lucien Regier, que fundou em Barra Mansa a primeira fabrica de pilhas elétricas do Brasil. De João Klotz, Levi Miranda, Camilo Metzer e muitos outros. Por certo falariam também daqueles que implantaram as redes de transportes, que hoje ligam Barra Mansa a todo o País. E daqueles que acenderam a luzerna do ensino em nossa terra, plantando escolas e faculdades como se plantam arvores. Louvariam os que, por iniciativa particular, construíram o magnífico Hospital da Santa Casa e erigiram o Lar dos Velhinhos, o Asilo das Órfãs e a Vila Vicentina. E em meio a tudo isso, não se esqueceriam, por certo, dos que alicerçaram as bases da cultura, no passado: Pedro Vaz, Henrique Zamith, Cardilo Filho, Christovam Rangel Leal e tantos outros... Porque NADA SE CONSTROI DE DURADOURO, SEM IDEALISMO E SEM CULTURA.

O PROGRESSO MATERIAL DEVE SER ALICERCADO NA EVOLUCAO E CULTURA DO ESPIRITO. Assomariam então a lembrança dos vultos religiosos: Padre Christiano, Padre Andre, pelo Catolicismo... Zico Horta, pelo Espiritismo. e tantos mais... Apóstolos da Fe. Por certo falariam também, com esperança neles e Fe no futuro, dos que hoje em dia lutam e sonham, nos diversos setores, pelo progresso e evolução de Barra Mansa.
Talvez falassem em Clecio Penedo, artista plástico que projetou o nome da cidade por todo Pais e ate no Exterior. E falassem desses mocos que, através da literatura e da arte e da ciência, lutam por melhores chances, na difusão da cultura em nossa cidade.



Joaquim Mariano do Lago Leal  1975


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