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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Distância

Amigos leirores,
Segue uma contribuição de nosso amigo e leitor Geraldo Camargo, citando um grande barramansense!
 
Obrigado Geraldo pela grande colaboração.



Por Geraldo Barcellos de Camargo Filho



Vamos falar de J. M. so Lago Leal.
Joaquim Mariano do Lago Leal, é filho de Barra Mansa, nascido em 25 de agosto de 1933.
Fundador e Membro Vitalicio Gremio Barramansense de Letras (GREBAL)
Suas Cronicas, Ensaios, Poesias e Contos, são verdadeiras obras vibrantes e de grande desenvoltura.
Abaixo uma de suas maravilhosas obras:


Distância

Jamais a madrugada de opalina
Verá do mar a líquida esmeralda
E a prata irisdescente, adamantina,
do orvalho da manhã que o Sol respalda.
A hora que se vai, a cada hora,
Não retorna jamais, em tempo algum.
O Crepúsculo existe e existe a Aurora,
No tempo, que separa um por um.
Jamais caminha a noite junto ao dia,
O tempo tem seu tempo e seu lugar,
Cada qual tem seu próprio caminhar.
Eis a distância que entre nós havia,
a separar-nos ontem como agora:
Eu sou o Entardecer - tu és a Aurora

segunda-feira, 18 de julho de 2011

UMA CENA QUE IMPRESSIONOU

Amigos leirores,
Segue mais uma valiosa contribuição de nossa amiga e leitora Ariane Porter.
 
Obrigado Ariane pela grande colaboração e mesmo estando longe nunca esquecendo de nossa querida Barra Mansa

 
Por Ariane Porter
 
 
 
Queridos amigos do blog'

Outro dia li um texto no blog "Estação Barra Mansa" sobre a vida de um senhor que trabalhava como porteiro no Clube Municipal. Foi muito interessante lembrar dessa pessoa que eu encontrava todas segundas e quartas na época em que jogava vôlei La no clube. Minha memória "trabalhou duro" tentando relembrar seu rosto... E não consegui. Lembro-me da pessoa, da figura, seu jeito de ser, o qual sempre foi muito educado comigo, mas foi impossível visualizar a face desse cidadão.

Depois desse exercício, parei e tentei lembrar de outras pessoas que fizeram parte da minha historia de BM, não só as figuras "ilustres e folclóricas", mas sim figuras que eu via sempre pela rua, as quais nem mesmo sei os seus nomes, mas me lembro muito bem das suas feições.
Vários rostos apareceram na minha mente, mas HOJE, hoje eu gostaria de falar sobre uma senhora em particular, uma senhora que não esta mais entre nos, mas acredito que muitos Barra-mansenses ainda se lembrem dela. Se nome era "Maria", Dona Maria, uma pessoa que eu nunca conheci pessoalmente, mas que passei por ela várias vezes pela rua e cada encontro deixou uma marca na minha memória. Lembro muito bem do seu rosto e por isto, resolvi trazer para vocês um texto que li ha algum tempo. A autora desse texto é a Senhora Natalia Therezinha de A. Faria, mas adoraria compartilhar o que ela escreveu com vocês. Eu sou apenas uma "PONTE", para trazer uma homenagem póstuma a essa Dona Maria em particular.



UMA CENA QUE IMPRESSIONOU (Natalia Therezinha de A. Faria)

Já faz algum tempo... Para dizer a verdade, nem sei quanto... Só sei que me impressionou e eu não consigo esquecer.

Numa manha de verão, apressada como sempre, tomei o ônibus da empresa Colitur, partindo da Santa Clara em direção a cidade, a fim de fazer algumas compras e voltar para preparar o almoço.

Desci a Mario Ramos, passei pela galeria Irmão Sales e fui ate a Joaquim Leite. De repente, meus ouvidos captaram o som angustiado de uma voz feminina que gritava, maldizia a vida e soltava inúmeros palavrões.
Assustada, parei para ver o que acontecia. E o que vi?

Uma figura estranha: baixinha, cabelos encaracolados, gordinha, pele clara mais envelhecida, vestido remendado, uma faixa vermelha na cintura, chinelos de borracha, um casaco de frio empoeirado e enfeitado por um enorme broche de plástico.

Com tanto calor que eu sentia, transpirando como que, fiquei admirada pela disposição da criatura em carregar um casaco tão pesado. Seria normal aquela vivente? Talvez não, nem sei... Olhando seu rosto envelhecido, mas todo rebocado de rouge vermelho, batom passado fora dos lábios e um pó que não combinava com a cor de sua pele, contatei que ela não "batia" bem. Era uma pobre vivente, que sem rumo certo na vida, transitava pela cidade, indo e vindo sem grandes perspectivas.

Coitada! Como gritava!

Um pouco adiante, alguns moleques riam da pobre mulher e repetiam
Incessantemente: "Maria Bacia"... "Maria Bacia"!...

A cada grito da molecada, a tal Maria repetia palavrões e atemorizava os que ao seu lado passavam. Cansada de brigar em vão, Maria pegou uma pedra e com muita raiva atirou-a a distancia, sem saber onde ia parar.
Por sorte, a pedra sem destino foi cercada pela copa de uma arvore da praça da matriz, e, temerosos, os moleques se evadiram para Rua São Sebastião, deixando Maria nervosa, mas, por alguns instantes, livre da perseguição do apelido que ela tanto detestava.

Foi ai que eu segui meu caminho, sentindo uma sensação diferente. O calor já não me impressionava mais. O que estava apertando em mim desta vez, eram os dois sentimentos opostos, observados na cena que eu acabara de presenciar: para uns rirem, alguém precisava chorar... Para felicidade de alguns, Maria precisava sofrer.

E nos, os expectadores, o que fizemos? Nada. Seguimos indiferentes os nossos caminhos, deixando Maria só e desamparada a espera de outros que dai a pouco deveriam passar por La e repetir o "Maria Bacia" que tanto a fazia sofrer.

Hoje, algum tempo depois, costumo fazer o mesmo trajeto de ônibus e no centro percorro as ruas de sempre. Os passantes La estão, a molecada também. Mas e Maria, o que foi feito dela?

Já não escuto seus gritos, nem deparo com aquela figura "esquisita", de trouxinha apertada contra os seios e pedriscos nas mãos. Porem, de Maria eu guardo uma lembrança estranha: mulher abandonada, ingênua, desbocada e solitária. Maria, simplesmente Maria, uma entre tantas, sem sobrenome, sozinha...sem ninguém.

Acredito eu, que Maria, aquela que ontem me impressionou, hoje, de algum lugar deve olhar penalizada para outras tantas "Marias" que aqui na Terra convivem com esta humanidade tão indiferente a dor alheia.

NATALIA THEREZINHA DE A. FARIA

 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Lembranças

 
Amigos leirores,
Segue um lindo texto do nosso leitor Claudio Silva, declarando seu agradecimento ao BLOG AMAMOS BARRA MANSA, onde nós do Blog é que temos que agradecer pelas inumeras contribuições e palavras de carinho como a do Claudio.
Valeu Claudio!

Por Claudio Silva
Lembranças 
  
 
Barra Mansa escolheu a cor Azul, nao foi por acaso, e sim pelo seu povo, pois azul e lealdade confianca sabedoria. E voces ainda foram felizes em colocar a cor azul na igreja onde esta a eternidade, o na ponte onde esta a profundidade. Posso falar, posso contar historia, posso brincar pois sou como muitos outros Barramansense,cada um com suas lembracas, Mas quero dedicar a voces que criaram "Amamos Barra Mansa", uma gratidao dos parentes amigos, colegas daqueles, que jamais poderiam imaginar que um dia poderiam ser lembrados e relembrados atraves de tamanha tecnologia. Hoje quero dizer que tenho 64 anos bem vividos, sai de Barra Mansa, mais estou sempre ai e admiro estes jovens que ai estao dando segmento dos nossos avos, pais e de nos mesmos, quando ai chego sinto-me extranho mais feliz, por saber que eu fiz parte, dessa Barra Mansa. Ate breve.
 
Claudio Silva

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Quem foi o Barão de Ayuruoca?




Amigos leirores,
Segue mais uma valiosa contribuição de nossa amiga e leitora Ariane Porter, para conhecermos um pouco mais de nossa rica história.
 
Obrigado Ariane pela grande colaboração e mesmo estando longe nunca esquecendo de nossa querida Barra Mansa

 
Por Ariane Porter







Um pouquinho mais sobre a historia de Barra Mansa. Uau, um texto bem
longo... mas acho que vale a pena. Meus Amigos do blog, se vocês puderem dar uma revisada só para adicionar os "acentos" da língua Portuguesa, eu ficaria muito grata... não os tenho no meu lap top.

Abraços, Ariane :)



Quem foi o Barão de Ayuruoca?

Um bandeirante, um pioneiro e, mais que tudo, um autentico civilizador.
Na historia de Barra Mansa é difícil de se avaliar bem a atuação desta figura humana tão exponencial nesta região do Vale do Paraíba.

Sabemos que sua presença se estendeu por toda nossa região e, também Minas Gerais. Em Barra Mansa, apos sua morte, se cristalizou uma corrente de opiniões que o adotou como o fundador da cidade; pelo tempo afora isso foi ensinado e absorvido. A verdade histórica, entretanto,mostra que Barra Mansa surgiu de um aglomerado humano antes de 1800 e junto à foz do pequeno rio com este nome. Este riacho apareceu num mapa da Capitania do Rio de Janeiro, em 1767. Nesta Carta, ainda não aparecia o pequeno arraial, sinal de sua não existência, mas já se notava nela a presença do povoado de Nossa Senhora da Conceição do Campo Grande.(Atual Resende/RJ).
Por volta de 1800, o jovem Custodio Ferreira Leite, com seus 18 anos, ainda vivia em Minas Gerais, no outro lado da Mantiqueira. Ele era nascido próximo de São João Del Rey, filho do português Jose Leite Ribeiro e era um militar pertencente ao Corpo de Ordenanças, cuja missão principal era a de policiar e fiscalizar a picada do ayuruoca, caminho muito atraente para os contrabandistas de ouro e riquezas.

Seu pai, que também era, alem de militar, lavrador e mineiro, abriu uma fazenda com o nome de Palmital, trouxe com ele os filhos mais velhos e também Custodio Ferreira Leite que teve que se adaptar as condições do trabalho da fazenda, embora não gostasse muito de mineirar. Com o desenvolvimento do trabalho naquele local, outros mineradores foram incorporados e a fazenda se transformou em Sociedade do Palmital. A finalidade deste grupo de trabalhadores agrupados se devia ao fato de que trabalhando juntos eles se protegiam melhor dos silvícolas que não aceitavam os invasores de seus territórios.

O jovem Custodio com sua natural vitalidade, apesar de buscar fortuna com a mineração de ouro, não se achava satisfeito, seu espírito aventureiro ansiava por conhecer outros mundos. Sua assinatura foi encontrada como um dos sócios da Palmital, mas durou pouco sua presença por ali. Embora num ambiente não muito cultural, gostava de ler bons livros, lia tudo que lhe caia nas mãos em sua horas livres, principalmente quando o assunto era sobre lavoura e a indústria.

Próximo da Fazenda Palmital funcionava uma penitenciaria, para onde eram levados os criminosos e contrabandistas: por ali havia um registro ou uma guarda com o nome de Passa Vinte: este nome compreendia uma região que se separava da Capitania do Rio de Janeiro da região das minas do Rio Grande. Nesta área o policiamento era muito intenso e se sucediam os pontos de controle quase que de légua em légua: com o tempo, este caminho ficou conhecido com o nome de estrada do Passa Vinte.

Custodio Ferreira Leite conhecia toda essa região, andando a cavalo ou caminhando por todo lado a pé, se embrenhava pelos matos virgens e sempre era comum de se encontrar com os índios a quem procurava tratar bem e se tornar respeitado. Ajudava-os de todas as maneiras, ate nas colheitas do pinhão que era um dos alimentos básicos para eles.

Seu pensamento buscava sempre novas aventuras, não gostava de mineração e o mundo parecia atraí-lo para descer a serra, foi assim que atravessou o Rio Preto e foi parar na Vila de Resende onde se estabeleceu. Por sua grande capacidade criativa ai foi nomeado Capitão Mor. Depois de algum tempo, começou a se aventurar Paraíba abaixo, ganhou terras, abriu fazendas e abraçou a cultura do café apos estudos meticulosos sobre o assunto. Casou-se em 25 de Outubro na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, com Dona Thereza de Magalhães Velloso, era ela filha do Tte. Cel. Henrique Vicente Louzada de Magalhães, era ele oficial de cavalaria que controlava toda essa área de Resende ate o Rio Pirai.

Quando de seu casamento, seu sogro já era falecido e, com isto, Custodio Ferreira Leite foi obrigado a tomar conta de suas terras, entre as quais havia uma fazenda a margem do Rio Barra Mansa. Homem de grande influencia na região, o Col. Henrique tinha como vizinho e compadre o Sargento Mor Jose Pereira da Cruz, fazendeiro e dono de um Engenho de Cana nesta área que era conhecida como Sesmaria da Posse. Este cidadão, por volta de 1800, ergueu dentro de sua propriedade um singelo Oratório em louvor do seu padroeiro, São Sebastião. Esta pequena e singela capela era chamada de Capela de São Sebastião da Posse.

Neste pequeno Oratório se encontravam os fieis das redondezas quando havia ofícios religiosos. infelizmente, o local não se prestava para o crescimento de uma povoação, eram terras muito baixas e que, de certa maneira, por ser de propriedade privada, causava de certo modo inconveniências para alguns. Logo, apareceu um pensamento generalizado de transferência da capela para local mais adequado. Apesar disso, muitas pessoas foram batizadas e casadas na Capela da Posse: os filhos de Custodio Ferreira Leite foram ai batizados. Por esta ocasião, ele já morava na fazenda que era herança de sua mulher. Foi Custodio um dos lutadores para mudança da Capela deste local. Ai havia também, um cemitério que foi o primeiro de Barra Mansa e onde foi enterrado Jose Pereira da Cruz. 

Na margem esquerda do Rio Paraíba, Custodio havia aberto uma fazenda para seu sobrinho, o Capitão Jose Bento Ferreira da Silva. Ele era casado com sua sobrinha, dona Mariana. De comum acordo com os outros moradores, Custodio fez escolha de um bom local para construção da nova Capela de São Sebastião. Em 20 de Janeiro de 1814, ele oficiou ao Bispo do Rio de Janeiro, Dom Jose Caetano da Silva Coutinho, pedindo autorização para erigir a nova capela.

Dizia ele em seu oficio que o local escolhido era muito mais adequado do que a antiga capela e distava 7 léguas da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Resende. Em 1820, ficou pronta a nova Capela. Essa Capela teve o destino glorioso de se transformar apos 1839 na Igreja Matriz de Barra Mansa e foi o ponto central de crescimento da cidade. A fertilidade do solo e a chegada de novos colonos, o continuo transito de tropas e viajantes fizeram o crescimento do arraial. O local desta Capela era privilegiado: estava à margem da estrada Real que se dirigia para Serra do Mar e o litoral de Angra dos Reis, foi esta estrada atravessada, em 1822 pelo Príncipe Dom Pedro, Regente do Brasil quando ele se dirigiu a São Paulo, viagem esta que culminou com o Grito do Ipiranga e a nossa Independência de Portugal.

Em 3 de Outubro de 1825, o Bispo do Rio de Janeiro, em visita pastoral, expediu Provisão em que transformava a Capela em Curato de São Sebastião e nomeava nosso primeiro Capelão o Padre Manoel Jose de Castro, fixava o seu território separando da Freguesia de Nossa Senhora de Resende e sujeitando-a Freguesia de Sant'Anna do Pirai. Por coincidência, nesse dia de 3 de Outubro, pela primeira vez, separava-mos religiosamente do poder de Resende.

Com isto, Custodio Ferreira Leite, homem muito religioso, conseguiu seu intento de progresso e apos preparar o povoado que crescia rapidamente para ganhar sua autonomia política, saiu para novas empreitadas.

Foi construir novas capelas, abrir fazendas, novas estradas e construindo pontes ia levando a civilização por onde andava. Foi amigo dos nossos dois Imperadores, sempre freqüentou a Corte, recebeu por sua grande obra construtora e o seu espírito publico, em 14/03/1855 o titulo Barão de Ayuruoca. Era um homem que criou riquezas pelo seu trabalho individual e que, também, conquistou o direito de promover sua circulação abrindo estradas, construindo pontes, e sempre visando o bem publico.  

Dr. Jose Carlos Franco Faria

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  Ariane Porter